O presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, anunciou nesta quarta-feira, 17, uma alta de R$ 0,10 por litro no preço do diesel. Durante a entrevista do executivo, a companhia anunciou que o litro do combustível será comercializado a partir desta quinta-feira por R$ 2,2470, valor 4,84% maior que o praticado até o momento.
Segundo Castello Branco, a variação mínima do preço será de 4,5% e a máxima de 5,147%. Ele avisou ainda que a estatal terá uma nova forma de divulgar os reajustes, como reais por litro e não como porcentual.
Após a interferência do presidente Jair Bolsonaro, Castello Branco deixou claro que a política de preços da empresa não mudou. Na semana passada, uma ligação do presidente Bolsonaro, que questionou o tamanho do reajuste, causou o adiamento do aumento. O ruído gerado no mercado resultou também em uma perda bilionária no valor de mercado da empresa.
Castello Branco afirmou ainda que não houve perda com o adiamento do reajuste. “A Petrobrás teve perda zero com adiamento do ajuste do diesel”, isso por conta de operações financeiras que protegiam a companhia da oscilação dos preços. “O frete marítimo caiu e por isso o aumento foi menor que o anunciado (anteriormente), de 5,7%”, afirmou, completando: “Esse acontecimento teve final feliz, reafirmou a independência da Petrobrás”.
Intervalo
Roberto Castello Branco afirmou também que nada impede que a estatal decida mudar o intervalo do reajuste da companhia. Segundo ele, a companhia pode optar por aplicar o aumento “quando achar importante”.
Questionado sobre o reajuste no diesel impactar a decisão dos caminhoneiros de fazer nova paralisação, Castello Branco afirmou que justamente essa preocupação o fez adiar o ajuste na semana passada. “Todos nós sofremos com a greve dos caminhoneiros (em 2018), foi com base nisso que sustei o ajuste”, disse. Ele ressaltou também que só vê greves desse tipo em países como Brasil e França, onde o refino é estatal. “Já reclamei da solidão no refino, sou contra o monopólio”, disse.
Ele afirmou que irá apresentar a proposta de venda de refinarias à diretoria-executiva e depois ao conselho. A reunião do conselho de abril ainda não ocorreu. “A venda das refinarias vai mostrar que a companhia não vai ter interferência externa”, disse, após ruído sobre interferência do presidente Jair Bolsonaro na política de preços, na semana passada, ter causado uma grande queda nos papéis da empresa. E emendou que quem decide o tamanho do aumento é a diretoria de refino junto com o financeiro da empresa. “A palavra final é minha quando tem divergência”, completou.
Castello Branco deixou claro ainda que o presidente Jair Bolsonaro não teve ciência prévia do novo reajuste. “O presidente soube agora do aumento. Não soube antes”, disse ao lembrar que, na semana passada, o chefe de Estado “não pediu nada, apenas alertou os riscos”.