No plenário da Câmara dos Deputados, o ministro Abraham Weintraub culpou o governo passado pelo “desastre” na educação. Afirmou ainda que o corte no orçamento das universidades não é de 30%, como foi anunciado, mas de 3,5%. Segundo ele, a “desonestidade intelectual da mídia” assustou a população.
“O orçamento atual foi feito pelo governo eleito de Dilma Rousseff e do Michel Temer, que era vice. Nós não votamos neles. Então, nós não somos responsáveis pelo contingenciamento atual. Nós não somos responsáveis absolutamente pelo desastre da educação básica brasileira.”
O ministro insistiu: “o sonho de consumo de um brasileiro hoje é colocar os filhos na escola privada e não na pública. Isso é muito mal. Isso foi feito ao longo de 20 anos que não participamos… Nós não participamos disso”.
Weintraub disse que está apenas seguindo a lei para não cair no crime de responsabilidade fiscal e o plano de governo.
“Não estou querendo, com as nossas propostas, diminuir o ensino superior. O que nós nos propomos? Cumprir com o plano de governo que foi apresentado a toda à população durante a campanha. A prioridade é a pré-escola, o ensino fundamental e o ensino técnico, mantendo a atual estrutura das universidades.”
O ministro assegurou que está aberto para dialogar com as instituições com dificuldades. “Ora, estão pesquisando a cura da dengue? Eu duvido que nós não vamos fazer um esforço e achar… Agora, vai ter pesquisa “científica” — entre aspas — que o pessoal terá vergonha de colocar aqui na tela.”
Bala em comunista
Ele foi questionado pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) se mantinha a afirmação de que comunista merece levar bala na cabeça.
“Estou aqui, sou comunista. Quero saber se Vossa Excelência confirma essa afirmação de que nós merecemos tomar bala na cabeça.“
Weintraub se esquivou de responder diretamente e disse que “bala na cabeça, quem prega não é esse lado aqui”.
Carteira assinada
Ao falar sobre os cortes, o ministro disse que já foi bancário e teve carteira assinada. Em tom irônico questionou se os parlamentares conheciam “a azulzinha”. Irritados, parlamentares tumultuaram a sessão e gritaram pela demissão do ministro.
Na presidência da sessão, o deputado Marcos Pereira (PRB-SP) chamou atenção do ministro. “Me senti ofendido, porque eu também tive carteira assinada, e eu sei o que é uma carteira assinada.”
A convocação do ministro representa uma derrota para o governo e sinaliza que o Planalto não tem base aliada. O clima de tensão se intensificou depois que a Casa Civil negou a informação de parlamentares que participaram de reunião com o presidente Jair Bolsonaro e afirmaram que o corte seria suspenso.
O deputado Capitão Wagner (Pros-CE), um dos principais aliados de Bolsonaro que estava na reunião, saiu contra o governo. Disse que o episódio mostra que o Planalto está “batendo cabeça”.