Em outra frente, o PT montou uma força-tarefa para buscar votos na periferia de São Paulo em bairros que já votaram no partido mas no primeiro turno escolheram Jair Bolsonaro (PSL).
Nesta quarta-feira, 17, Haddad vai receber em São Paulo um grupo de pastores evangélicos contrários a Bolsonaro. O eleitorado neopentecostal, no qual se encontra parte considerável dos votos que seriam de Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso na Operação Lava Jato -, é um dos segmentos em que Bolsonaro teve maior votação, cerca de 70% no primeiro turno.
O objetivo, segundo integrantes da coordenação da campanha, é esclarecer para este eleitorado mentiras propagadas por redes sociais na reta final da campanha que tinham como alvo o eleitorado evangélico. Um dos trunfos de Haddad é a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que determinou a retirada de conteúdo que acusava o petista de distribuir material impróprio, o chamado kit gay, para crianças quando foi ministro da Educação.
No encontro, Haddad vai entregar aos pastores uma carta de na qual se compromete com a “defesa da vida” e “valores da família”. Também em São Paulo, Haddad recebe o manifesto assinado por mais de mil juristas, entre eles dois ex-integrantes de governos do PSDB (José Carlos Dias e Belizário dos Santos Jr.), em defesa de sua candidatura e contra Bolsonaro.
“Pensamos diferentemente sobre tantos temas. Temos crenças, valores, ideias sobre tantos assuntos, mas em alguns pontos chegamos no mesmo lugar e isto é inegociável”, diz o texto.
Apoio de cientistas
Na sexta-feira, 19, no Rio de Janeiro, o candidato participa de um ato com dezenas de reitores de universidades de todo o Brasil e também recebe apoio de cientistas.
Já na terça-feira, 23, também no Rio, será a vez de artistas declararem apoio ao petista. Caetano Veloso, que declarou voto em Ciro Gomes no primeiro turno das eleições 2018, estará presente ao lado de outros nomes consagrados. Segundo a produtora Paula Lavigne, uma das organizadoras do ato, também foram procurados artistas jovens com perfil popular como a cantora Anitta, que aderiu ao #elenão, mas a dificuldade para conciliar a data com a agenda de shows pode atrapalhar.
Apesar das dificuldades enfrentadas pela campanha de Haddad no segundo turno, integrantes da cúpula petista avaliam que aos poucos algumas personalidades e setores da sociedade avessos ao PT estão “despertando” para a necessidade de apoiar Haddad para impedir a vitória de Bolsonaro. Um exemplo disso é o e-mail disparado ontem pelo editor Luiz Schwarz, da Companhia das Letras, recomendando voto em Haddad em tom crítico ao PT.
“Por acreditar na possibilidade de que um PT renovado se apresente numa nova gestão nacional, se comprometendo, por exemplo, com políticas de equilíbrio fiscal, sugiro a todos os colegas editores que prezam a liberdade de expressão que votem em Fernando Haddad, se posicionando contra o discurso difusamente preconceituoso, contra o autoritarismo e a intolerância, símbolos do outro polo que se anuncia como alternativa no segundo turno desta eleição. A candidatura de Bolsonaro é falsamente nova e é irmã de tempos tenebrosos de nossa vida política e cultural”, escreveu o editor.