Acessibilidade e inclusão são destaque da 13ª Feira do Livro de São Luís

A 13ª Feira do Livro de São Luís encerrou no domingo (20) deixando como legado, além do incentivo à leitura, a apresentação de várias atividades lúdicas, peças teatrais, lançamentos de livros, rodas de conversa e debates abordando temas importantes para a sociedade atual, relacionados à acessibilidade e inclusão. Este ano, o evento ampliou suas ações sobre a temática, se preocupando em promover inclusão em toda estrutura do local, na programação e até na formação dos monitores. As ações somam-se a outras implementadas pela gestão do prefeito Edivaldo Holanda Junior que tem como uma de suas bandeiras a inclusão social.

O secretário municipal de Cultura, Marlon Botão, destaca que a Feira do Livro se consagrou como um momento multicultural, em que diversas linguagens artísticas estão presentes, como teatro, música, contação de histórias, lançamento de livros e cinema, todas disponíveis a todos públicos, inclusive às pessoas com deficiência. “2019 foi mais um ano de muito êxito na realização da FeliS, com uma sucessão de atividades culturais destinadas a todos os segmentos da população, em prol do conhecimento e empoderamento das pessoas em relação ao livro, literatura e o saber em geral. Milhares de pessoas participaram nesses 10 dias, com volume de comercialização muito significativo e diversidade cultural, que faz da Feira um dos maiores eventos literários do Norte e Nordeste”, pontua.

Uma das novidades foi o Espaço Sensorial, que ofereceu uma série de atividades que permitiram aos visitantes entender um pouco do universo das pessoas com deficiência. No espaço teve exposição de Língua Brasileira de Sinais (Libras), com mini oficinas e explanação da história da Libra, objetos em Braile como o ábaco, máquina de escrever em braile e entre outros. A programação do evento também foi impressa em Braile. Segundo a professora da área de deficiência visual, Denise da Silva, o objetivo do espaço foi mostrar que a pessoa com deficiência pode estudar e participar de atividades culturais mesmo com as dificuldades.

A Secretaria Municipal de Educação (Semed) trouxe as Salas de Recurso das escolas municipais, abordando a educação especial para despertar o interesse no público da FeliS. Quem participou das atividades pôde conhecer mais sobre acessibilidade atitudinal – que se refere a uma educação construída sem preconceitos, estigmas, estereótipos, discriminações em relação às pessoas com deficiência – usando recursos especiais para estimular os sentidos do tato, visão e olfato.

Já o Espaço Vale ofereceu a programação com a utilização do recurso audiodescritivo, que amplia a compreensão para pessoas com deficiência visual. No local, o visitante também podia ouvir curiosidades narradas com apoio de imagens ilustrativas, como sobre o Largo do Carmo, ponto turístico da capital. O estande foi estruturado com rampas de acesso para pessoas com deficiência motora.

Durante todos os 10 dias de programação, a 13ª FeliS teve a participação de grupos escolares e visitantes com deficiência, como foi o caso da visitação de mais de 20 crianças autistas – que fazem parte do projeto de assistência social da Defensoria Pública do Maranhão. Eles participaram de atividades no Espaço Criança Semed II – Ensino Fundamental. “Aqui as crianças tiveram acesso a brincadeiras, jogo de dama, pintura facial, contação de histórias, jogo de lego, entre outras atividades. O objetivo foi que elas se sentissem a vontade para brincar e se divertir”, explicou a coordenadora do espaço, Conceição Carvalho. Segundo ela, o local foi pensado para atender todos os tipos de crianças, assim como o restante da Feira.

Além dos espaços inclusivos, a Feira teve também o apoio de profissionais interpretes de libras, presentes em palestras, conferências, oficinas, espetáculos e lançamentos de livros. O treinamento dos 80 monitores, antes do início da FeliS, foi sobre Acessibilidade Aplicada, para prepara-los para melhor receber os visitantes. A formação foi ministrada pela assessora especial da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) e Secretaria Adjunta de Pessoas com Deficiência, Alessandra Pajama, que também coordenou um dos projetos que recebeu a Extensão FeliS, o Inclusive Praia, realizado na manhã do domingo (20). O projeto consiste na inclusão do lazer para todos e possibilitou um tempo de apreciação e divertimento na praia para pessoas com deficiência.

PROGRAMAÇÃO INCLUSIVA

A 13ª Feira do Livro de São Luís contou com diversas atividades relacionadas à acessibilidade e inclusão. Uma das atrações foi o lançamento do livro ‘A Cigarra Autista’, da compositora, cantora e escritora, Anna Torres. Lançado em parceria com o renomado escritor Márcio Paschoal, o livro conta com um CD com o texto narrado e músicas. A história também ganha uma adaptação em musical, que será apresentado no Teatro Arthur Azevedo, nos dias 26 e 27 de outubro, às 17h. A fábula da “Cigarra e a Formiga” será recontada de maneira lúdica, mas ao mesmo tempo realista.

O espetáculo traz a Cigarra como uma portadora de autismo, que não é apenas uma grande cantora, mas também uma grande trabalhadora. Nele será abordado a importância do amor, da ética, da tolerância e inclusão dos autistas nas relações humanas. O objetivo é sensibilizar as pessoas e levantar o debate em torno do autismo, além de incentivar os próprios autistas e familiares a lutarem pelos seus sonhos e superarem desafios.

Idealizadora do projeto, Anna Torres destacou que um dos principais motivos para a realização desse livro foi o diagnóstico da sua filha em Transtorno do Espectro Autista (TEA). “O projeto nasceu por uma necessidade, precisávamos debater sobre o tema. Abordamos vários pontos muito importantes para a sociedade atual, desde o respeito, a preservação do meio ambiente, quanto a realização e luta dessas pessoas por seus sonhos, profissionais e pessoais”, ressaltou ela.

Atualmente, a escritora mora na França e o projeto será publicado em forma de livro e musical em diversos idiomas, como português, inglês e francês, e publicado em países como Espanha e China. O lançamento oficial do livro na 13ª FeliS e o espetáculo em São Luís abrem a temporada de circulação no Brasil.

Sobre o autismo, existe uma alta incidência em todas as regiões do mundo, porém a falta de entendimento sobre o transtorno tem forte impacto nos indivíduos, suas famílias e comunidades. Com causas ainda incertas, o TEA não tem cura, mas o diagnóstico e intervenção precoces são imprescindíveis para aumentar as chances de desenvolvimento de habilidades cognitivas importantes para a vida de uma criança com esse tipo de transtorno. A produção de materiais educativos e interativos para o entendimento desse fato por parte da sociedade, é estimulado pela Prefeitura de São Luís e pela organização da Feira do Livro.

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